Barrére, Anne. Sembel, Nicolas. Escola e Socialização. In: Sociologia da Escola. Edições Loyola. São Paulo, 2006.

                                                                                              Vilmar Rubens Graboski *

   Avançando as reflexões acerca do processo educacional, sob a luz dos referenciais teóricos que compõem a sociologia da educação, encontramos na obra “Sociologia da Escola” de Anne Barrére e Nicolas Sembel, novos elementos pertinentes a temática, em especial, no primeiro capítulo, no qual os autores tratam do conceito de socialização.
   O conceito de socialização recebe tratamento diferenciado, dependendo para tanto, da perspectiva teórica pela qual é adotado, mas o essencial é que tenhamos em mente o fato de que nesta operacionalização conceitual, ocupando normalmente a centralidade nas construções teóricas, o mesmo trata do processo pelo qual um indivíduo assimila, constrói, reproduz, ou experimenta os projetos, valores, anseios, culturas e normas dos grupos sociais, em toda a sua amplitude, porém, aqui representado pelos grupos escolares, semelhantes em suas estruturas organizacionais, mas com aspectos particulares em cada instituição, que compreendem e diferenciam-se por seus elementos físicos, biológicos, econômicos, tecnológicos e de origem social. Sendo assim, o processo de socialização ocorre por assimilação de valores e normas (perspectiva funcionalista clássica), reprodução de uma cultura dominante (perspectiva da reprodução), ou então, através da negação ou não-negação dos princípios, valores ou projetos previamente estabelecidos (perspectiva da experiência escolar). Considera-se nesta perspectiva (experiência escolar), que a subjetividade que o agente engendra em suas ações, possibilita a transformação da estrutura ou então das próprias ações dos sujeitos, viabilizando o questionamento e em alguns casos o rompimento com a ordem estabelecida. Dadas estas condições, elas impulsionam novas reflexões e novas pesquisas, no entanto, preservando a mesma indagação; “qual o papel da escola no processo de socialização?”
    Para a sociologia da educação, o conceito de “socialização” torna-se ainda mais caro no contexto da democratização do ensino e de questionamentos acerca da qualidade deste modelo de ensino, pois o mesmo não dispensa quaisquer elementos que eventualmente possam exercer influência nas ações dos agentes. Cabe ressaltar ainda, que no plano teórico isto tornou-se possível pela flexibilidade das teorias mais recentes. Deste modo, o conceito de socialização permanece auxiliando na compreensão das realidades das instituições educacionais, em seu sentido ou formato tradicional, ou seja, a escola, porém, a coercitividade das instituições e a passividade dos indivíduos, perdem um pouco de sua vitalidade, dando lugar a uma perspectiva na qual é possível “ouvir” a voz dos agentes que compõem e que dialogam com as instituições.

*Acadêmico do curso de licenciatura em Ciências Sociais e integrante do PIBID.


Comentários

  1. Vilmar, no texto que produziu sobre o primeiro capítulo do livro "sociologia da Escola de Barrère e Sembel" você indica que os autores iniciaram o livro com o íntuito de conceituar a socialização e desenhando um tratamento diferenciado na parte teórica.
    Você também afirma que segundo os autores, é atraves da teoria que o indivíduo assimila,constrói, produz e experimenta os pojetos e que a sociologia da educação deu lugar a uma perspectiva de diálogo nas instituições e com os agentes que a compõem eliminando o formato tradicional onde a escola era passiva e coersitiva onde o índivíduo perdia sua vitalidade aceitando tudo e se moldando conforme a escola e família o coagisse.
    Gostei muito da forma que você usou a composição do texto dando qualidade e articulação as palavras. Parabéns.

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