Barrére, Anne. Sembel, Nicolas. Ordens e desordens na escola. In: Sociologia da Escola. Edições Loyola. São Paulo, 2006.

                                                                                                    Vilmar Rubens Graboski *

   Ao tratar da questão da violência escolar procura-se entender as relações destes acontecimentos com as políticas de massificação do ensino e da concepção de “novas formas de escola”.
    A interpretação pela massificação comporta elementos que passam pela formação dos professores, a classe a qual pertencem, as exigências às quais encontram-se submetidos e também o público ao qual atendem, entre os quais há uma distância social capaz de provocar turbulências de outras ordens, não constatadas em períodos anteriores ao processo de massificação.
   Outra maneira de interpretar as desordens na escola está na concepção das escolas múltiplas. A partir da primeira parte do século XX, iniciou-se um processo de transformação das escolas, deixando de lado a idéia de formas escolares nas quais imperam a submissão, as regras, os horários, as relações não-afetivas entre alunos e mestres, dando lugar a novas concepções de escola. Entre elas destacam-se os modelos de “interesse geral, comunitário ou doméstico, e o da eficácia”, cada qual, articulando finalidades da escola, concepções de saber e pedagógicas, relações entre escola e sociedade, distintas das demais, assim como a contestação dos meios adotados pelas demais concepções.
    Estes novos fatos, comportamentos, concepções, assim como a ausência de pontos de referência profissional, podem ser compreendidas partindo da interpretação da massificação, juntamente com a das múltiplas escolas, para se obter uma melhor compreensão dos fenômenos da violência escolar, que segundo os autores é definida de modo diferenciado, dependendo para tanto, da categoria a ser questionada.
   Dentro deste cenário, implantam-se tentativas de regulação, que passam pela redefinição de cidadania, implicando em uma releitura dos direitos e deveres, pressupostos de ações coletivas, e ainda virtudes cívicas. Há também uma transferência  de autonomia para as instituições, uma margem de manobra para contornar a problemática da desordem, definida a partir da localização, do contexto da instituição.
   Desenrola-se a partir destas situações um número crescente de fatos que a sociologia procura abarcar, estabelecendo assim, a chamada sociologia dos estabelecimentos escolares. Este novo campo estabeleceu-se devido à adoção de diferentes estratégias por parte dos atores, da qual emergem novas identidades dos estabelecimentos, falando em termos do grau de integração ou atomização de cada instituição.
   Concluindo esta importante obra, os autores contextualizam o surgimento, desenvolvimento, avanços e desafios da sociologia da educação, tanto nas dimensões abordadas, como nos métodos, salientando que a mesma tem como característica principal, a cumulatividade de seus saberes e que tais saberes continuadamente sendo produzidos, possibilitam o intercâmbio com outras áreas do saber.
*Acadêmico do curso de licenciatura em Ciências Sociais e integrante do PIBID.



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