Barrére, Anne. Sembel, Nicolas. Escola e Seleção. In: Sociologia da Escola. Edições Loyola. São Paulo, 2006.

                                                                                                    Vilmar Rubens Graboski*

   Duas vertentes procuram dar conta da questão da “seleção” no processo educacional. A vertente interna parte da idéia de que a escola não é neutra, quando se trata de analisar os dados levantados por pesquisas que apontam para as desigualdades produzidas ou reproduzidas no ambiente escolar. Na vertente externa destacam-se as influências do sistema econômico, das lógicas de mercado que perpassam o sistema educacional, fortalecendo as desigualdades existentes.
   É importante ressaltar que as duas vertentes passaram a ter interesse pela questão da seleção escolar a partir da década de 60, após a democratização do acesso a escola, na França, tornando-se assim um campo específico da sociologia da educação, tal fato deve-se à adoção de novas políticas que garantiam o acesso a escola, porém, não o sucesso escolar, revelando dados que demandavam novas pesquisas sobre  os efeitos destas políticas no desempenho dos estudantes, no que concerne a obtenção do diploma - envolvendo a escola enquanto agente neste processo - e a mobilidade social, ou melhor a possibilidade de ascensão e de oportunidades de se ter um trabalho melhor remunerado, após a obtenção do diploma. Estas pesquisas colaboraram para a elaboração de teorias que deram novo enfoque ao tema da “seleção escolar”.
   De acordo com as pesquisas, entre os fatores que contribuem para a produção e manutenção das desigualdades no âmbito da escola e no percurso escolar como um todo, encontra-se aquilo que os autores denominam de “efeito-classe, interação com o efeito-professor, vivência escolar”, além das desigualdades de gênero, de classe social e do fator imigração. Em maior ou menor grau, estes fatores atravessam o percurso escolar, por vezes mostrando um quadro de deficiências tanto da escola como organização responsável pelas trajetórias dos estudantes, bem como salientam as deficiências do mercado de trabalho, incapaz de responder às expectativas dos jovens, no que diz respeito a harmonização entre o diploma e a condição sócio-econômica vivenciada no mercado de trabalho.
    Teorias mais recentes apontam para o fato de que estes indicadores, assim como a não-neutralidade da escola na questão da seleção, em grande medida,  impulsionam, ou pelo menos propiciam condições para uma reflexão e reorientação pedagógica das instituições, almejando melhorias, diante do quadro que se estabeleceu após a democratização do ensino.
*Acadêmico do curso de licenciatura em Ciências Sociais e integrante do PIBID.

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