BARRÈRE, A; SEMBEL,N. Escola e Seleção. In: Sociologia da Escola. São Paulo: Edições Loyola, 2006. p. 39-67.

                                                                                                                                 Janniny G. Kierniew


“Escola e Seleção” é o titulo do segundo capítulo do livro de Barrère e Sembel, que descreve o tema da seleção escolar a partir de um resgate histórico iniciado principalmente na década de 1960, onde as pesquisas sociológicas buscaram aprofundar seus estudos analisando as consequências que o acesso de todos à escola acarretava. Por ser um capítulo um pouco mais extenso, ele traz diversas contribuições, das quais, não me deterei longamente aqui, apenas me limitarei a alguns pontos que julgo interessante para a reflexão.  
De acordo com a experiência francesa, os autores sugerem que a seleção escolar, suscita duas vertentes: a interna e a externa. Resumidamente, a vertente interna é a questão da produção de diplomas pelo sistema educacional, que por sua vez, reproduz as desigualdades entre os alunos ocasionando o sucesso ou o fracasso escolar. A segunda vertente intitulada como vertente externa, diz respeito à mobilidade social, ou seja, a escola enquanto facilitadora de um processo de mudança econômica, onde, através de um diploma ou níveis de estudos mais avançados seria possível ter um emprego melhor remunerado.
É importante enfatizar, que esse assunto, é uma pauta bastante geradora de polêmicas também em nosso país, uma vez que, algumas pesquisas mostram que os níveis de instrução estão diretamente relacionados a maiores salários, o que significa dizer, que no limite, em um País como o Brasil, quando mais se estudar, melhor será seu ganho no final do mês. Obviamente que, este ponto específico no faz pensar em quem é o sujeito que consegue permanecer e avançar nos seus estudos, dado que as oportunidades e as condições de permanecencia tanto no ensino médio quando no superior por vezes são escassas. 
Sobre esse último aspecto, os autores do livro, observando o panorama francês, trazerem os estudos de Boudon, Bourdieu e Passeron, que divergem em alguns pontos entre si, uma vez que, o primeiro autor acredita que os filhos de operários não avançam nos estudos por falta de desejo, pois suas “aspirações estão claramente menos orientadas para o investimento escolar em longo prazo” (pag. 46). Esse autor também defende a ideia de que a democratização não facilita necessariamente a mobilidade social. Já Bourdieu e Passeron desenvolvem uma tese mais radical, na qual a escola é responsável pela reprodução da hierarquia social onde “a vertente interna da seleção escolar, caracterizada pela “violência simbólica” exercida contra os alunos de origem social “desfavorecida”, comanda a vertente externa, as posições sociais ocupadas depois da saída do sistema educacional” (pag. 47)
No decorrer do capítulo os autores também procuraram discorrer algumas considerações que esse tema gera, como por exemplo, o aspecto da imigração no contexto francês, vivência escolar e etc, discutindo por fim, no tópico: “Um novo olhar sobre as desigualdades sociais na escola” as possíveis análises da sociologia da educação, sendo que depois de certo período, esta deu uma nova ênfase ao entendimento do sistema de ensino, ao passo que, os estudos autorizaram uma visão microssociológica acerca do sistema mais global, onde as pesquisas focadas nas relações professor-aluno, escola-família, indivíduos-sistema, foram determinantes para novas práticas pedagógicas.

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