SOCIOLOGIA DA ESCOLA PELA ÓTICA DE BARRÈRE E SEMBEL: Segundo Capítulo – Escola e Seleção

BARRÈRE, Anne. SEMBEL, Nicolas. Sociologia da Escola. Edições Loyola. São Paulo: 2006. 

*SONIA MARIA TUSSI 

Barrère e Sembel (2006) definem no segundo capítulo do livro Sociologia da Educação, a concepção das desigualdades no êxito escolar, concepção esta a qual se tornou objeto de pesquisa da Ciência Social, apenas durante a década de sessenta. Os pesquisadores passaram a direcionar seu estudo ao que se passa no interior da escola e, de modo mais particular as desigualdades da seleção escolar. O tema da seleção escolar se torna central e se inclina para duas vertentes: uma interna e outra externa.
Os autores conceituam ambas as vertentes, sendo a interna direcionada a questão do sucesso escolar e da produção de diplomas pelo sistema educacional. Ainda complementam que a vertente interna é hoje fundamental, amplamente situada sob o signo da contestação da legitimidade da seleção e da ausência de igualdade entre os alunos quando da entrada na escola e durante seu curso.   

A partir dos anos de 1960, o debate baseia-se na função de seleção da escola e, em particular na questão de saber se a escola é neutra e se se contenta em reproduzir as desigualdades entre os alunos, ou se é ativa e agrava as desigualdades iniciais ao produzir desigualdades suplementares, especificamente escolares. Parece ser hoje uma conquista o fato de a escola não ser mais neutra, mas ativa no domínio da seleção. No entanto à denuncia de uma escola que produz as desigualdades sociais sucedeu a ideia de que a escola, obrigada desde a Lei de 1989 a democratizar o êxito, pode luta contra o fracasso escolar o que permite, além disso, relançar o interesse sociológico pela aprendizagem escolar. (BARRÈRE, SEMBEL, 2006. p. 40)
  
 Quanto a vertente externa, Barrère e Sembel (2006), determinam que a mesma se volta a estratificação social, do valor social dos diplomas e dos efeitos sociais do êxito escolar, para além do próprio sistema educacional, sobre a mobilidade social. Sendo esta mobilidade social definida pelos autores, como a mobilidade correspondente à mudança de posição social de um indivíduo antes de tudo com relação à posição de seus pais, mas também em sua carreira profissional. O indivíduo pode ascender ou descer na hierarquia.
A vertente externa é tida como facilitadora, na teoria da mobilidade social ascendente, em relação com a situação social do pai, na hierarquia das categorias de emprego – A mobilidade social ascendente era avaliada, antes de 1993, unicamente em função da posição social do pai. A partir de 1993, as pesquisas do “Formation-Qualification profissionnelle”, fazem igualmente aparecer a posição social da mãe. Hoje, três quartos das mulheres são ativas (ocupando ou buscando um emprego) – Este segundo domínio no estudo da seleção escolar mostra-se cada vez mais sensível, em virtude do lugar que ocupa nos debates sobre a eficiência do sistema educacional em entregar diplomas ou níveis de estudo que permitam encontrar um emprego.
 Cabe salientar que a analise dos temas das desigualdades sociais permitiu a transcrição, sem verdadeira ruptura entre o período clássico e os novos contornos da sociologia da educação. Os autores finalizam afirmando que a analise da vivência escolar como ordem negociada pelos autores se integra sem dificuldade a constatação categórica, do papel da escola na perpetuação da das desigualdades sociais. Ainda, complementam que ela permite compreendê-los num outro nível. Mas é por sua vez esse nível de análise, preocupado com o comportamento dos atores e com suas margens de manobra, que opera o deslizamento observável hoje ao nível das orientações públicas: as interações e os comportamentos pedagógicos, como estão longe de ser simplesmente determinados por situações sociais, podem ser a alavanca de melhoria do sistema, especialmente no nível loca. (BARRÈRE, SEMBEL, 2006. p. 67)    
        
*Acadêmica do Curso de Licenciatura em Ciências Sociais da Universidade Federal da Fronteira Sul – Campus de Erechim. Bolsista do Projeto PIBID, subprojeto – Sociologia. 

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