BARRÈRE, A; SEMBEL,N. Escola e Seleção. In: Sociologia da Escola. São Paulo: Edições Loyola, 2006. p. 69-90.

                                                                                                                       Janniny Gautério Kierniew



“A maior parte do tempo, a sociologia da educação limita sua atenção às relações educativas especializadas e institucionalizadas, de tipo escolar. A escola se expõe à nossa atenção com a força de sua evidência funcional. O espaço público democrático se encarrega regularmente desse objeto, sobre o qual convergem todos os olhares. A escola vem, assim, esconder os processos educativos em geral, quase como a árvore esconde a floresta.”  (PETITAT, 2011)
                                                                                                                                                         

Retirei o trecho à cima, de um artigo que aborda a questão da educação e suas relações, em que o autor defende a ideia de que é preciso ampliar o olhar sobre a educação e focar mais os estudos sobre a construção da identidade no contexto escolar para além da aprendizagem formal. Trouxe-o, pois achei pertinente para refletirmos o terceiro capítulo do livro de Barrèbe e Sembel.
 Logo no início do terceiro texto, os autores afirmam: “a sociologia da educação critica uma concepção demasiadamente normativa e escolar da aprendizagem e integra, a partir de então, as contribuições da sociologia e da psicossociologia das organizações e do trabalho” (pág. 69). É seguindo essa diretriz que o capítulo mostrará as contribuições da sociologia, assim como o desenrolar histórico do que pode estar subentendido no contexto da aprendizagem.
Ao discutir nas primeiras páginas a questão do currículo, os autores apresentam que uma das dificuldades iniciais das análises sociológicas em outras décadas, em relação à aprendizagem, era justamente conseguir adequar à entrada dos alunos de origem popular com a cultura escolar tradicional (elitista). Dado essa problemática, surgiu então, a necessidade de discutir o currículo formal e o real produzidos dentro das instituições, na qual, o papel da “nova sociologia da educação” (pág. 71), era de “desreificar” os saberes escolares e recolocá-los em seu contexto social, ao passo que, seria possível assegurar o acesso e igualdade de todos na escola, de maneira que valorizasse o contexto de cada indivíduo ajustando com as demandas escolares.
Diante de tais mudanças, os atores abordam o enfoque da sociologia da educação sobre a discussão da aprendizagem entendendo o ponto de vista da relação pedagógica.  Para eles, atualmente a aprendizagem se dá na forma de estimular bem mais a reflexão ao invés da imitação, procurando valorizar a construção de saberes antes da memorização, para que dessa forma, o aluno se torne protagonista da sua construção escolar e não meramente um agente passivo do processo.  
Certamente, a aprendizagem é permeada por uma série questões, e ao abordar esse aspecto da relação pedagógica, os autores também evidenciam que por vezes o que ocorre, é que nem sempre os objetivos finais são concluídos, pois a subjetividade implicada no processo é desconsiderada, dessa forma, Barrère e Sembel alertam que a sociologia da educação deve estar atenta a este processo, de maneira a compreender e analisar não apenas manifestações de uma educação consagrada como normativa ou culturalmente imposta, mas também deve debruçar-se a estudar prática cotidianas nos espaços onde a identidade se constrói, sendo possível entender também a aprendizagem que se estabelece fora dos espaços formais da escola e das instituições de ensino, como família, amigos e etc.


Referências:

PETITAT, A. Educação difusa e Relação Social. Revista Educação & Realidade. Porto Alegre, v. 36, n. 2, p. 365-377, maio/ago. 2011. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/edu_realidade> Acesso em: 20/02/2012

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